


“Vocês estão fritos, cara”, assim rematou David Neeleman, maior accionista privado da TAP, a sua intervenção perante o 28º Congresso da Hotelaria, a decorrer em Ponta Delgada, suscitando algumas palmas de quem gostou de o ouvir dizer que lhes cabe também reclamar a rápida resolução do alegado estrangulamento da expansão do transporte aéreo de/para Lisboa.
“Vocês devem gritar mais alto do que quaisquer outros, porque se não tem gente, se não tem aeroporto, você vai ficar mais vazio”, frisou.
À semelhança do que têm sido as suas declarações mais recentes (para ler mais clique: David Neeleman secunda Michael O’Leary nas críticas ao Aeroporto de Lisboa), David Neeleman ‘assentou baterias’ na “preocupação” que o Aeroporto de Lisboa lhe está a causar.
“Eu estou muito, muito preocupado, e todos vocês nesta sala
têm que estar preocupados”, enfatizou Neeleman, para acrescentar para a plateia
que “têm que começar a mobilizar-se, vocês que fazem o turismo”.
“É que o Aeroporto de Lisboa está virando um grande
problema”, avançou então o accionista industrial da TAP, prosseguindo: “no ano
que vem a gente queria lançar novo serviço para duas cidades norte-americanas e
mais seis cidades na Europa e nós juntámos a nossa malha, entrámos no
aeroporto, falámos que queríamos fazer tudo isso, queríamos mais oito aeronaves
e eles falaram que não tem mais espaço no aeroporto, não pode ter mais nada”.
Mas o problema não é exclusivamente da TAP — foi a mensagem
que levou a um congresso de hoteleiros que dependem do transporte aéreo para a
ocupação dos seus hotéis.
Num país em que o turismo depende em 80% de clientes que têm
que viajar de avião ter “um aeroporto que já está fechado” é “um grande
problema” e “tem que ficar no topo da lista de todos os políticos, de todo o
mundo da indústria, para [se] resolver esse problema logo”, defendeu.
O accionista privado da TAP avançou mesmo que em sua
opinião, os hoteleiros deveriam não só assumir a exigência de desbloqueamento
do crescimento do transporte aéreo de/para Lisboa, como serem os mais empenhados
nesse processo, porque são os que mais têm a perder com delongas.
“A gente tem que focar nisso. Não pode demorar muito, nem um
dia, a pensar isso. Porque se você já tem 60% [ocupação], e vai ter mais 11
hotéis em Lisboa, [segundo] eu li ontem, e você já tem disponibilidade, [e] 80%
das pessoas vêm de avião e o aeroporto está fechado, vocês estão fritos, cara”,
comentou, para defender de seguida: “vocês devem gritar mais alto do que
quaisquer outros, porque se não tem gente, se não tem aeroporto, você vai ficar
mais vazio ainda”.
E o problema, na perspectiva de David Neeleman, não se cinge
apenas ao Aeroporto, se bem que ainda a esse nível o accionista privado da TAP
tenha críticas a nível do modelo de preços avançado pelo anterior Governo
quando da privatização da ANA.
A ANA, sublinhou, de acordo com esse modelo, quantos mais
passageiros tem mais pode aumentar o preço por passageiro, queixou-se David
Neeleman, que repetiu que os custos de aeroporto da TAP já subiram 20 vezes.
Outra ordem de questões a que também imprimiu urgência diz
respeito ao controle de tráfego aéreo.
“Já falei muito com o ministro Marques sobre isso. Humberto
Pedrosa e eu fomos visitá-lo. Falámos sobre isso. Tem 15 milhões de euros que
eles precisam pagar para [adquirir um] novo sistema de navegação de tráfego
aéreo”, afirmou, sem deixar de frisar que, no entanto, não fazer esse
investimento tem custos mais elevados.
“A gente gasta muito mais do que isso todo o ano em atrasos,
cancelamentos e tudo, porque as operações fora do nosso aeroporto está abaixo
dos aeroportos como Gatwick e dos outros que têm só uma pista”, explicou,
concluindo que “isso tem que ser aprovado, porque para implementar demora dois
anos”.
“Mas tem que ser implementado agora para que possa estar
pronto daqui a dois anos”, frisou.
O PressTUR participa no 28º Congresso Nacional da AHP a
decorrer nos Açores a convite da Associação
Ver também:
Hotéis têm que passar a ser “mais donos do seu negócio” – AHP
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Reinvenção do turismo requer “sinergia com outros sectores” – Marcelo Rebelo de Sousa
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