“Governo não pode hesitar” no apoio às agências de viagens no momento da retoma, APAVT

“É no momento da retoma que vamos perceber as dificuldades reais das empresas e é nessa altura que o Governo não pode hesitar, sob pena de um esforço enorme que o Governo também tem feito ao longo do ano de 2020 cair todo em saco roto”, alertou o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, em entrevista à Lusa.
O dirigente defendeu que os apoios disponibilizados às empresas do sector do turismo para fazer face aos efeitos da pandemia de covid-19 na economia “têm de ser redobrados” e “mais robustos”.
“A retoma é, provavelmente, o momento de maior necessidade
de liquidez de todas as empresas, porque os custos, perante uma crise alongada
e uma empresa muito fragilizada, serão e terão um movimento de zero para 100”,
afirmou Pedro Costa Ferreira.
A APAVT prevê que, no momento da retoma da economia, as empresas
passem rapidamente a ter os custos que tinham antes da pandemia, embora as
receitas venham a ser geradas de forma gradual, daí sublinhar a necessidade de
liquidez.
Pedro Costa Ferreira disse acreditar na possibilidade da
retoma acontecer ao longo deste ano, de forma mais lenta, consolidando-se em
2022.
Neste contexto, o primeiro “grande desafio” para o turismo
português é, disse, manter viva a oferta. “Se a oferta não existir para poder
receber uma procura que continua a existir e, provavelmente, até vai existir
com mais desejo, com mais capacidade de crescimento, aí não temos nada”,
avisou.
O sector vive um “panorama de manifesta gravidade” devido
aos efeitos da pandemia de covid-19, mas “apesar de tudo, as agências de
viagens têm sobrevivido”, disse Pedro Costa Ferreira.
O dirigente apontou que ao longo de 2020 as empresas do sector
registaram quebras de negócio entre os 75% e os 100% e que a estimativa para
Janeiro e Fevereiro deste ano é de um agravamento para quebras entre os 90% e
os 100%.
As agências de viagens têm conseguido sobreviver sobretudo
devido a “três fatores essenciais”: os resultados positivos do turismo em 2019,
que permitiram acumular liquidez, o recurso ao endividamento e os apoios
governamentais, “que não sendo suficientes”, disse, “têm sido manifestamente
importantes”.
“Enquanto as empresas estão ligadas à máquina, elas
conseguem sobreviver. Com sofrimento, com empresários a gastar dinheiro, com
empresários e empresas a endividarem-se, com certeza que sim, com apoios, com
certeza que sim, mas têm conseguido sobreviver até ao grande momento da
verdade, que é a retoma”, sublinhou Pedro Costa Ferreira.
Questionado acerca de um sinal de falências pela perda de
associados, o presidente da APAVT disse que a associação tem registado “algumas
quebras”, embora não sejam significativas.
“Temos algumas quebras de associados, sim. […] Nós fazemos a
repescagem das razões pelas quais as empresas deixam de ser associadas, algumas
delas é porque desistiram de continuar e, portanto, temos realmente alguns
abandonos, mas do ponto de vista macro, mais geral, a verdade é que, tal como
os próprios dados macroeconómicos nos fazem sentir, é que há menos falências em
2020 do que em 2019”, esclareceu Pedro Costa Ferreira.
O presidente da APAVT considerou também importante apostar
na projeção da imagem de Portugal como um destino seguro e, para isso, é
necessário resolver a crise sanitária.
Depois disso, “o maior desafio de todos” é “ganhar o jogo
das viagens mais afastadas” bem como o “jogo” de mercados como o americano, o
brasileiro, o asiático e a América Latina.
“Se nós ganharmos este tipo de mercados, temos a consciência
que vamos ter duas coisas: maior diversidade de oferta e menor sazonalidade”,
defendeu.
“Depois da pandemia, cada vez vai haver mais turistas à
procura de locais sem turistas e, portanto, isso só se resolve aumentando o
território turístico, diversificando a oferta, e isso só se resolve se tivermos
acesso a outro tipo de mercados que não o mercado tradicional do UK [Reino
Unido], o alemão, o francês”, acrescentou o presidente da APAVT.
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