Gastos de turistas estrangeiros em Portugal ainda ficarão em 2023 abaixo de 2019

Em 2023, as exportações portuguesas de turismo, ou receitas turísticas, que são o somatório dos gastos de turistas estrangeiros no país, incluindo todo o tipo de bens e serviços mesmo que não turísticos, “encontram-se ainda abaixo de 2019”, de acordo com a previsão divulgada ontem pelo Banco de Portugal.
As “Projecções para a economia portuguesa: 2020-23” divulgadas ontem pelo banco central português confirmam o turismo como o sector mais penalizado pela crise despoletada pela pandemia de covid-19, bem como o que mais tardará a retomar o nível de actividade que tinha em 2019.
“A recuperação do PIB será gradual e diferenciada entre sectores,
sendo mais lenta em actividades ligadas ao turismo, cultura e entretenimento”,
diz o banco central, que prevê que o PIB português “deverá retomar o nível
pré-pandemia no final de 2022”, enquanto para o turismo especifica que no final
do horizonte da sua projecção, em 2023, “as exportações de turismo encontram-se
ainda abaixo de 2019”.
E na perspectiva do banco central, o impacto dessa evolução
previsível não se cinge ao turismo, pois, diz, prevê uma “recuperação mais
lenta das exportações devido à evolução dos fluxos de turismo”, que, refere, “representavam
8,6% do PIB em 2019, o quarto valor mais elevado na área do euro”.
O banco central diz na sua informação sobre este ano que “as
exportações de turismo são a componente do PIB com a queda mais acentuada
(-56,6%), explicando metade da redução
das exportações totais”, que compara com uma queda em 8,4% das exportações de
bens.
A informação do banco central refere ainda acerca das
compras por turistas estrangeiros que “os valores movimentados com cartões
estrangeiros em ATM/POS em Portugal apresentam reduções em torno de 50% desde
meados de Setembro, interrompendo a trajectória de melhoria observada desde
Maio”.
A justificar as suas previsões, o banco central diz que “no
cenário severo, a necessidade de imposição de medidas adicionais de contenção e
a redução da confiança dos agentes económicos têm um impacto negativo sobre a
actividade económica”, o que leva a que a recuperação seja “mais fraca e
prolongada”, bem como “implica um aumento das fricções financeiras, que se
reflecte nos custos de financiamento dos agentes privados”.
Além dessas pressões, o banco central diz prever que “as
pressões descendentes sobre os preços continuarão a prevalecer em 2021,
reflectindo a subutilização dos recursos produtivos e a procura contida, em
particular nos sectores ligados ao turismo”.
O banco avisa que no seu “cenário severo” que “o mercado de
trabalho é particularmente afectado” apontando para uma subida da taxa de
desemprego para 10% no próximo ano e uma “evolução mais desfavorável da procura
externa”.
E acrescenta: “Este enquadramento implica uma recuperação do
consumo privado, do investimento e das exportações mais lenta do que a
antecipada no cenário base, em particular das exportações de turismo” e
especifica que antecipa nesse cenários crescimento do PIB em 1,3% em 2021, 3,1%
em 2022 e em 2023 converge para uma taxa de crescimento próxima do cenário
base, referindo que “no final do horizonte de projecção, o PIB permanece cerca
de 2% abaixo do final de 2019”.
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